GALUNION – Consultoria em Foodservice

Artigo - Alimentação na Pandemia

Como a Covid-19 impacta os consumidores e os negócios em alimentação

(texto publicado no LinkedIn)

Vivemos um momento sem precedentes na história, onde ocorre neste instante uma grande transformação nos hábitos das pessoas e consequente impacto nos negócios e nas comunidades. O grande desafio do momento é desenhar cenários, já que não sabemos por quanto tempo de fato estaremos vivenciando a Pandemia, nem a extensão do isolamento social, ou mesmo o que irá de fato caracterizar as escolhas dos consumidores. E foi para iluminar estas questões que a Galunion (especialista em foodservice) se aliou ao Instituto Qualibest (instituto de pesquisa) para compreendermos nesta primeira onda para entender os hábitos alimentares durante a pandemia de coronavírus, e trazer inspirações para os negócios em alimentação. Veja abaixo as principais descobertas da pesquisa, realizada entre os dias 02 e 06 de março, respondida por 1.086 pessoas em painel on-line de abrangência nacional, com homens e mulheres a partir de 18 anos e das classes A,B e C.

Os três principais insights do estudo nos remetem aos seguintes eixos:

1.     Saúde, Segurança e Solidariedade são os grandes motivadores do momento, os 3 S’s que estão na cabeça do consumidor;

2.     Há uma grande disrupção acontecendo no setor de refeição fora do lar (foodservice), um setor que faturava anualmente cerca de R$ 400 bilhões. A ruptura dessa cadeia pode impactar a economia de maneira generalizada, não apenas este segmento em si;

3.     A responsabilidade, necessidade de articulação e colaboração sem precedentes é uma pauta fundamental para todos os negócios, em especial, os que lidam com alimentação.

Compreendendo o tipo de culinária preferida neste momento

Perguntados sobre qual tipo de culinária gostariam de pedir e comprar neste momento, vemos a ascensão da comida mais familiar e acessível. É de se esperar que em momentos de alta insegurança os consumidores se voltem para o que se sentem mais confortáveis, sendo menos aventureiros e dispostos a experimentar sabores novos.

As principais culinárias podem ser vistas abaixo, sendo as 3 principais a pizza, os hamburgueres e a comida tipicamente brasileira, ou seja, os pratos com eternos favoritos como arroz, feijão, frango, strogonoff, bife, farofa, batata frita, por exemplo.

Mas as preferências não são homogêneas para todos os entrevistados. Na região Centro Oeste e Norte, pizzas são menos populares (50%), e jovens, mulheres e integrantes da classe A nos geram outras oportunidades.

Isso nos faz pensar no quanto é importante que cada negócio em alimentação saiba exatamente com qual público deve se comunicar prioritariamente, e assim, maximizar suas ações de vendas.

Comportamento no Delivery

Fomos investigar mais a fundo as questões ligadas ao delivery, e descobrimos que a principal preocupação do consumidor está na forma como a comida é preparada (56%), seguido de como a comida é embalada (19%) e como a comida é transportada/entregue (17%).

Outro ponto relevante: a confiança no restaurante é o principal fator de escolha, e não promoções e descontos somente, como podemos ver na figura abaixo:

A questão das embalagens aparece preponderante, com a saúde em primeiro lugar, ou seja, 61% prefere receber refeições em embalagens que possam ser higienizadas ao serem recebidas em casa. Outros pontos são interessantes, com 21% desejando receber embalagens econômicas tamanho família, contrapondo 18% que preferem porções organizadas individualmente.

É importante frisar que não há grande interesse em compra de bebidas hoje pelos consumidores, 41% afirmam que não compram bebida no delivery. Entre os que pedem, os refrigerantes com volumes maiores são os preferidos.

E quais são os novos critérios para escolher um restaurante (seja para pedir um delivery ou para se alimentar no local)?

Em um setor onde sempre o sabor foi extremamente relevante, de maneira disparada o principal fator de escolha passa a ser Higiene e Limpeza, seguidos de preço Justo e ter uma comida gostosa.

Quando nos deparamos com as ações que fazem o consumidor confiar no estabelecimento, novamente a higiene e limpeza ganham destaque. Procedimentos comuns de boas práticas, talvez nunca antes tão valorizados, precisam entrar na agenda dos negócios em alimentação, com destaque relevante para práticas de higiene e limpeza evidentes nas instalações e com relação aos colaboradores, e uso regular de luvas e máscaras, além do lacre inviolável da embalagem para a comida ser transportada.

Percepção de nível de confiança nos estabelecimentos e aplicativos na Pandemia

Hoje os entrevistados indicam que os aplicativos de entrega, padarias de bairro e estabelecimentos de alimentação com marcas conhecidas composto por redes de restaurantes, lanchonetes e lojas de conveniência são considerados os mais confiáveis.

Certamente ações que ampliem o nível de confiança do consumidor serão vitais para quem deseja sobreviver à disrupção que está ocorrendo no mercado de refeição fora de casa. Os tipos de estabelecimentos mais frágeis na percepção do consumidor, também tendem a ser os menores e mais informais, que adicionarão à crise econômica uma crise social por desemprego possível em massa.

Articular todo o ecossistema será necessário, ou veremos uma taxa de mortalidade, que estimamos entre 15 e 40%… e que poderá ser mitigada somente com ações muito concatenadas de todo o setor de alimentação. 

E aqui chamamos para agir os negócios em alimentação do varejo alimentar e toda a cadeia de valor (indústria de alimentos e bebidas, atacados e distribuidores, plataformas agregadoras, fornecedores de serviços etc.), que estejam mais robustos neste momento, e todas as associações do setor de alimentação, pois certamente será através de pessoas que assumam a liderança destas iniciativas com responsabilidade que poderemos ter uma colaboração sem precedentes. 

O que o consumidor sente falta durante o isolamento social

O setor de foodservice, conhecido por sua hospitalidade, precisará ficar atento ao que será mais valorizado pelos consumidores. Acompanharemos nas próximas ondas estas e novas questões. Em particular, nos chama a atenção de que o contato pessoal do garçom ou atendente para fazer o seu pedido, neste momento, não é tão relevante, e isso pode ajudar os empresários do setor a acelerarem sua transformação digital para soluções de pedido mobile ou por voz, já que as soluções de totem ou de tocar passam a ser possivelmente percebidas como possível fonte de insegurança.

É importante salientar que a disrupção de um setor que faturava R$ 400 bilhões de reais ao ano e gerava muitos empregos através de mais de 1 milhão de estabelecimentos causa efeitos em toda a cadeia de valor, passando por distribuidores, indústrias de alimentos, fornecedores de serviços e muito mais. Os empregos que aqui forem perdidos farão falta no consumo de todos os demais setores, e devemos ter muita empatia neste momento.

E quem sobreviverá?

Projetar cenários no contexto atual é um dos maiores desafios, não sabemos quanto tempo durará a quarentena, se haverá de fato um lockdown ou liberação, e até mesmo não compreendemos ainda se o isolamento social será uma realidade de comportamento das pessoas que, genuinamente, hoje estão preocupadas com o coronavírus, seja por medo de haver um colapso no sistema de saúde, seja pelos efeitos econômicos e sociais que já estamos sentido.

Tampouco sabemos como se dará a retomada, no entanto temos sim muito a fazer.

Acreditamos que sobreviverá quem aproveitar realmente este momento e ajustar suas ações nos seguintes eixos.

1.Planos de sobrevivência com colaboração sem precedentes, com articulação aberta entre o seu negócio e todo o mercado, com responsabilidade e ética

2. Compreensão das mudanças nos critérios de escolha e comportamento do seu cliente

3. Reconhecimento das necessidades de mudança e aceleração digitais

4. Profundo aprendizado e ênfase nas atividades que não podem parar, ou devem ser aceleradas, e que farão sua marca e sua oferta de produtos e serviços serem relevantes e competitivas no “Novo Normal”.


Para acessar o material completo do estudo Alimentação na Pandemia clique aqui