Segundo dia do maior evento de foodservice do mundo mostra tendências que poderão estar no nosso cardápio em breve
Falar em tendências sempre envolve uma certa incerteza, mas é a partir do momento atual que se desenha o futuro. No segundo dia da NRA Show, principal evento de foodservice do mundo, e terceiro dia do GALUNION Rocket: Missão Técnica NRA Show 2024, a construção do futuro foi o grande tema central.
Um ponto em que não existe incerteza é o fato de que o futuro será construído a partir de dados. “Existem bilhões de data points nos restaurantes hoje, e esse é um recurso subutilizado pelas empresas”, afirmou o CEO da Restaurant 365, Tony Smith. Na opinião do executivo, os maiores ganhos virão do uso consistente de Inteligência Artificial e análise de dados. “É o que permitirá a cada profissional e a cada empresa dar sempre o seu melhor”, acrescentou.
Da automação da gestão dos estoques passando pela previsão de vendas, incluindo os aspectos relacionados à interação com os consumidores, o uso de tecnologia será um dos alicerces da evolução do foodservice no mundo – a partir daí as inovações se desenvolverão, sempre com foco nas necessidades e desejos dos consumidores.
Palestrando na principal sessão do dia, a futurista Liz Moskow fez um alerta: “não siga cegamente as tendências, porque elas podem acabar se mostrando apenas modismos passageiros”. Ao mesmo tempo, é preciso abraçar o poder do “e se”, repensando conceitos e ideias sem medo de ser uma metamorfose ambulante. “O sucesso demanda adaptabilidade. Esteja pronto para reinventar seu menu, seus serviços ou mesmo todo o seu modelo de negócios”, acrescentou.
Para ela, é preciso ousar ser diferente. “Quem explora caminhos não convencionais encontra oportunidades inexploradas, mas para isso é preciso agir: não espere alguém resolver os seus problemas”, disse. O sucesso, frequentemente, está baseado em assumir uma posição, desafiar o status quo e buscar novas possibilidades.
E onde estão as novas possibilidades?
Se apresentando com Joe Pawlak, managing principal da consultoria Technomic, Liz trouxe 5 fatores que moldarão as tendências do foodservice nos próximos 10 anos. Veja quais são e se prepare:
1) Craving for convenience
Os nomes dos caminhos de inovação ficam mais interessantes em inglês por causa dos jogos de palavras, começando pelo “desejo de conveniência”. O fato é que conveniência e facilidade são essenciais hoje em dia. “A tecnologia ajuda a obter essa facilidade que economiza tempo, mas essa é uma jornada, e não um objetivo em si mesmo”, afirmou Pawlak.
Da gig economy que coloca tudo ao alcance de um toque no celular ao drive thru que se torna frequente até mesmo em redes como a Starbucks (que sempre buscaram ser o “terceiro lugar” dos clientes), a conveniência precisa ser parte da estratégia do foodservice. De pedidos para retirada na loja a pagamentos pelo aplicativo, passando por conceitos de varejo que são exclusivamente voltados a delivery e take away, o foodservice já vive essa tendência – que só vai se intensificar.
Na opinião de Liz Moskow, nos próximos anos devemos esperar pelo uso mais intenso de machine learning e Inteligência Artificial na recomendação de produtos, pela oferta de Hospitalidade como Serviço (Hospitality as a Service – HaaS) e, em um prazo mais elástico, conceitos como entregas subterrâneas por meio de versões mais modestas do Hyperloop de Elon Musk. Sonho impossível? Talvez – veremos daqui a 15 ou 20 anos…
2) Eagerness for experience
A “ânsia pela experiência” é o outro lado da moeda da conveniência. “Experiência não oferece praticidade, e sim memórias duradouras e conexões emocionais dos clientes com marcas, produtos e serviços”, elaborou Pawlak. Experiências podem ser geradas espontaneamente ou construídas de forma planejada, mas sempre vão além dos produtos. “O local, o storytelling e a ambientação são o que trazem a experiência para os clientes”, afirmou o especialista.
É o que Liz Moskow chama de “VIP Me”: as pessoas querem ser tratadas como especiais. De viagens gastronômicas a aplicativos que promovem a conexão das pessoas por meio da comida, chegando no futuro ao uso de Realidade Virtual e Aumentada ou mesmo de experiências gastronômicas simuladas por meio de sensores neurais, o espaço para inovar em experiências é quase infinito.
3) Appetite for adventure
O “apetite pela aventura” é um driver cada vez mais importante para gerar inovações, uma vez que as experiências passam a ser mais e mais valorizadas. “As mídias sociais estimulam a experimentação, o que leva mais pessoas a se expor ao que é inusitado”, disse Pawlak.
Pesquisas da Technomic mostram que 40% dos consumidores se dizem mais dispostos a visitar um restaurante que ofereça sabores inovadores – e isso é ainda mais intenso nas gerações mais novas. “Provar sabores exóticos é uma forma de aventura que foi estimulada pela pandemia, quando as pessoas deixaram de poder viajar”, explicou Liz Moskow.
De sabores que misturam diferentes culturas a híbridos de frutas e vegetais, chegando até mesmo a saladas com seu DNA editado para ter sabores ou provocar sensações diferentes, o cardápio dos restaurantes trará grandes surpresas no futuro.
4) Will for wellness
A “vontade de bem-estar” assume 4 dimensões diferentes: saúde holística, atalhos para perda de peso, mindfulness e saúde inteligente. “Saúde é um vetor de produtos e serviços que aparecem no foodservice desde os alimentos funcionais, mas que tem um espaço enorme de evolução”, opinou Pawlak.
É a ideia de “alimento como remédio”, que não é nova e resgata sabedorias ancestrais, mas com uma nova roupagem: de alimentos que mudam o humor às ajudas para dormir, passando por pratos menores (uma revolução para os Estados Unidos, mas uma realidade no resto do mundo) e chegando até mesmo a cardápios que combatem doenças específicas, existe muito a ser explorado. “Prepare-se para a era dos Doctor Chefs”, disse Liz.
5) Sincerity towards sustainability
A “sinceridade sobre a sustentabilidade” toca em um ponto crucial em qualquer visão de futuro: é preciso, em primeiro lugar, haver um futuro. Alimentos são uma parte crucial nesse esforço: segundo a Technomic, 80% dos consumidores dizem que reduzir o desperdício de alimentos é importante para a sustentabilidade e 33% dizem que um posicionamento sustentável é fator decisor de onde consumir.
“Todos nós faremos escolhas mais responsáveis para preservar o meio ambiente, começando por plantações sustentáveis e produtos locais/biodinâmicos para chegar, na próxima década, a um cenário em que proteínas alternativas serão muito mais acessíveis que a carne”, previu a futurista.
Nossa jornada em Chicago está em pleno andamento. Acompanhe nas redes sociais e nos canais online da GALUNION os principais insights do GALUNION Rocket: Missão Técnica NRA Show 2024 e fique por dentro do que de melhor acontece no principal evento do foodservice no mundo.