Inspirações para otimizar Supply Chain em Foodservice
A busca por resultados melhores em foodservice é vital nos dias de hoje. Por isso, não podemos deixar de olhar para as oportunidades dentro de um dos elos mais importantes: a cadeia de suprimentos, também conhecida como Supply Chain. Na maioria dos estabelecimentos, a aquisição de alimentos, bebidas e demais insumos é o item mais relevante dos gastos no demonstrativo de resultados (DRE). Da mesma forma, é o que mais impacta no fluxo de caixa. Isso porque compras erradas levam a altos estoques e muito dinheiro parado.
Escrevo hoje para dividir uma inspiração que tivemos na Galunion. Trata-se da iniciativa SCO – Supply Chain Otimization, liderada pela IFMA (International Foodservice Manufacturers Association). Em parceria com três empresas – Kinetic 12 Consulting, HAVI e Datassential –, o movimento é uma boa prática fundamental para o mercado. Atingiu 15 redes de alimentação, 18 fornecedores e 8 distribuidores, além de muitas associações do setor. Junto com a IFMA, também participaram IFDA, FSMA, NCCR, GS1 e NRA.
A nova Supply Chain
A verdade é que o mundo mudou. Hoje tudo precisa ser pensado muito além das transações individuais. E não é mais focando na relação do comprador com o vendedor que se pode gerar valor em supply chain para as empresas.
Por exemplo, muitas vezes a colaboração gira em torno de lançamentos de novos produtos. Nesses casos, onde a agilidade e acuracidade podem gerar muitos resultados positivos. Em contrapartida, sua falta pode acarretar em ruptura de produtos, estoques sobrecarregados e obsoletos, entre outros problemas.
Não só a velocidade mudou, também a quantidade de lançamentos aumentou muito. Antes, os 02 a 03 lançamentos ao ano eram administrados com planejamentos de até 120 dias de antecedência. Em 2017, cerca de 45% das redes associadas à ABF lançaram mais de sete produtos por ano aqui no Brasil. Desses, 70% eram LTO’s (Limited Time Offers, os lançamentos por tempo limitado). Já nos EUA, 230 redes de restaurantes e lojas de conveniência atingiram em 2017 a marca de 402 itens em média por mês. Ou seja, foram quase 21 itens ao ano por rede!
A iniciativa SCO e seus cinco elementos-chave
Fazer previsões de compra aos fornecedores, modelar a demanda dos consumidores e ainda por cima otimizar estoques é um desafio enorme. Nem sempre os envolvidos conseguem ter flexibilidade para as mudanças necessárias nas análises das vendas, produção, estoque e entrega.
Por outro lado, baixos estoques muitas vezes geram cancelamento de promoções e clientes insatisfeitos. A solução que a iniciativa de SCO desenhou partiu da visão de uma cadeia de suprimentos integrada e colaborativa, endereçando todas estas dores.
A jornada destas 41 empresas começou com a formação de um comitê para colaborar e desenvolver boas práticas para Supply Chain em Foodservice. Depois de quatro workshops e muita troca de conhecimento, foram desenvolvidas ferramentas, processos e frameworks. E não parou aí. Em seguida, se reuniram para testar estes materiais em quatro pilotos. O processo envolveu redes diferentes, operadores logísticos, distribuidores tradicionais e indústrias de alimentos e bebidas.
O modelo de SCO desenhado tem cinco elementos chaves:
- Mapa de comunicação: ajuda a compreender o fluxo de informação e o que deve ser divulgado por cada elo
- Padrões para troca de informações comuns: como criar, capturar, formatar, curar, entregar e pesquisar todos os dados necessários
- Facilitadores: tecnologias, padrões, processos de tomada de decisão, mensuração e planos de ação – com roadmap
- Princípios: um conjunto de características vitais, como transparência e colaboração – e seu scorecard
- Processo Colaborativo: descrevendo como realizar o alinhamento, parceria, colaboração – e quem deve ser envolvido
O que esperar do novo cenário
E quais foram os resultados da SCO? Em primeiro lugar, a iniciativa identificou a necessidade de expandir o alinhamento tradicional, que era “área de suprimentos da rede + fornecedor + distribuidor”. Por outro lado, a sugestão é incluir também as áreas de marketing das marcas operadoras, a comunidade franqueada (quando pertinente), as áreas operacionais e as empresas terceirizadas de transporte ou de redistribuição.
Outros aprendizados que surgiram foram sobre o planejamento colaborativo, o custo real dos LTO’s e outras oportunidades envolvendo o processo de lançamento e descontinuidade destes produtos. Por fim, tudo foi transformado em “Guias de Aprendizado” e treinamento para as empresas envolvidas.
Depois de toda essa inspiração, fico muito instigada a estimular nossas associações aqui no Brasil a fazermos algo similar. Assim, podemos gerar resultados novos através da otimização da cadeia de suprimentos no mercado de foodservice.
E você, toparia participar?
(Artigo escrito por Simone Galante)